sábado, 1 de outubro de 2011

Lembrando Voltaire



     Qual o prefeito cujo irmão exerce a profissão de carroceiro  em sua cidade? E cujos pais, trabalhadores rurais aposentados, continuam morando na mesma casa simples de um conjunto habitacional? Sua família, pois, constitui-se de gente humilde e trabalhadora, que quase não teve mudanças na rotina após ele ter sido eleito prefeito da cidade de Senador Pompeu.

     É importante registrar que ele fez significativas obras em todo o município e que suas origens políticas  advêm das pastorais da igreja católica. As pessoas da cidade sabem onde encontrá-lo, afinal, ele tem residência fixa, pode ser visto pelas ruas, toca violão e, vez por outra, toma uma cervejinha pelos bares. Seria à  toa o fato de ele estar em seu segundo mandato popular?
     
    Mas vejam, caros leitores, que, de um dia para outro, esse homem  teve sua vida totalmente transformada: de quase herói, passou a ser  procurado pela polícia, ele e mais de trinta pessoas ligadas à prefeitura. É que existe uma séria denúncia criminal impetrada pelo Ministério Público do Ceará contra o prefeito e seus aliados. Tudo leva a crer que a investigação que estrutura essa denúncia – e talvez outras  que virão – foi um trabalho criterioso e bem fundamentado.
 
     O que se estranha nesse triste episódio é o papel da imprensa, ao veicular insistentemente notícias sobre o prefeito – que se encontra preso, neste momento – e carregar uma lógica perversa que deixa subentendido ao expectador menos avisado uma quase condenação. Tudo isso sem falar que o prefeito ainda não foi ouvido, não apresentou provas e  nem sequer apresentou seus argumentos de defesa.
            
     Portanto, faz-se conveniente lembrar uma frase do filósofo e escritor francês Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”. Para  que a justiça prevaleça, é fundamental ouvir o que o prefeito tem a dizer em sua defesa.
        
     É até natural que seus opositores se animem diante dessa lamentável situação pela qual passa o jovem prefeito de Senador Pompeu. Antes, porém, de se fazer julgamento precipitado e condená-lo, que tal aguardar o outro veredicto que virá das urnas?
Saraiva Júnior,
Auditor fiscal do Trabalho.
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