Agora, pois, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor, mas o maior de todas é o amor (1 Cor 13,13).
Nos últimos dias quem deixava “Humaitá” podia se encantar com três coisas: o vermelho em chama, das paixões, encarnado nos exóticos flaboyans; as belíssimas froreszinhas dos muitos paús brancos nativos que adornam esse caminho e os caminhares de mulheres e homes que, desafiados pela dramaticidade da hora atual, corriam aos milhares em romaria á Fortaleza e enfileiravam-se para atiraram-se nos seus braços de Teixera para declararem sua lealdade, confiança e amor. Como se dissessem: “Põe-me como um selo sobre teu coração”.
Tamanha beleza presente nesta estrada diz que a mãe natureza em sua exuberente lealdade quisera acolher a manifestação de um povo em sua mais amorosa reação frente ao cinismo de uma elite que, sedenta em negar o direito deste povo, de dizer sua palavra, de pensar seu pensar - escancara-se - numa brutal forma de opressão e dominação. Todavia, nestes tempos, estes caminhos, sabe cada um destes homens e mulheres, viraram “estrada de fazer o sonho acontecer”. Sonho de seguir lutando para ter de volta o sonho já conquistado.
Na Senador de hoje o povo que pensa e decide de acordo com seus desejos sabe que sofreu um atentado à sua liberdade através de uma ordem injusta que buscou calar a voz de um povo no exercício mais puro de sua vocação humana. Buscaram negá-la é certo, mas ao fazerem isso também afirmaram essa vocação, na própria negação, ou seja, o povo na dor, no sofrimento afirma-se mais e mais nos seus anseios de liberdade, de justiça, de luta para recuperar sua humanidade em plenitude, que não olvidemos, eles apenas tentaram roubar-lhes porque no amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta(1 Cor 13,7).
O mais lindo de tudo é que tamanha estupidez cometida contra um povo poderia ter gerado um clima de desesperança, de ódio, de agressividade, mas o que aconteceu foi que as pessoas reagiram como se estivessem vivendo a máxima Não importa o que fizeram de mim, o que importa é o que eu faço com o que fizeram de mim" (Sartre) e amaram mais e mais e suas emoções de paz e bem inundam esta cidade e a transformam em um planeta chamado amor.
Simbolicamente as pessoas do bem dizem: não aceitamos a opressão, mas também não queremos agredir. Nossos gestos são amorosos. A violência não nos interessa, ela sendo filha do ódio só abate a carne, só atinge a matéria, já o amor que é que queremos e aprendemos a dar e receber, afeta o ser, o espírito, humaniza a todos e nos aproxima do Deus da vida.
Hoje mais uma vez eu pude sentir de perto estas emoções, e sinto-as como um verdadeiro frisson, uma Sensação de prazer intenso, um gozo na alma, uma felicidade plena e em demasia, como aquela que levou milhares, de novo, a ocuparem as ruas- sem medo de ser feliz - flutuando na virtude de seus sentimentos de felicidade abundante para abraçarem-se ao seu líder Teixeira, assim como fizeram na volta de Luizinho e seguem fazendo ao encontrá-lo.
Do céu Paulo Freire, olhando para Senador exulta: a liderança verdadeira é feita por povo e líder, juntos numa solidariedade revelada, no encontro humilde, amoroso e corajoso... [revelados no amor gratuidade, sabido apenas por quem ama plenamente]. Já Salomão como em seus Cânticos dos Cânticos sentencia aos que se auto intitulam donos do pensar do povo: Se alguém quisesse comprar o amor, com todos os tesouros de sua casa, se faria desprezível.
Antônia Félix